Naquele primeiro dia de Novembro chuvoso, enquanto regressava a casa, encontrou as emoções num emaranhado de sensações estranhamente calmas. Por norma é efusiva, de felicidade transbordante por todos os poros quando alcança algo, ao invés disso regressava tranquila e serena como se o novo recomeço que lhe foi colocado em cima da mesa e pelo qual tanto lutou fosse algo que era seu por mérito, aquele "algo" que procurava finalmente alcançado. Por momentos desligou-se das palavras delicadas, frias e ao mesmo tempo profundas do Harukami sobre a vida de Watanabe, Naoko e Midori em Norwegian Wood, e pousou o livro. Os seus pensamentos em cadeia viajaram à velocidade do comboio e depressa lhe vieram à memória as suas palavras de algum desespero e de uma fatigante e desgastante procura por algo que não sabia muito bem o quê, só sabia que não encontrava, palavras essas escritas no primeiro dia de Julho: "Sonho muito durmo pouco", sorriu de alívio. Ainda antes do tempo previsto o seu tic-tac culminou nas novidades que tanto aguardara.
Tem a plena consciência que as oportunidades se agarram com toda a força do mundo, e é com toda essa força e mais alguma que pretende abraçar o novo e aliciante projecto, complexo, trabalhoso e que vai exigir muito de si... Mas também, quem disse que os sonhos não dão trabalho?