terça-feira, 16 de outubro de 2012

About love...


"The Kiss" de Rodin
"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar."

Escreve-se muito sobre amor, e ainda bem! Escrevem-se opiniões tão distintas quantas cores existem, (e não meninos vermelho não é simplesmente vermelho), há tantas tonalidades tantas cores quantas as opiniões sobre o amor. Nenhuma se sobrepõe a outra, nem outra é mais ou menos válida do que alguma, não é que seja uma questão de gosto, não é que seja uma situação em que se diga que uma é mais verdadeira do que outra, que mundo monótono teríamos se gostássemos todos de verde. E logo no amor, tão complexo como só ele, como poderia ser diferente? Essa razão prende-se tão somente com o facto de sermos seres tão diferentes e tão iguais a todos e únicos como nós mesmos. Emitimos opiniões de acordo com a nossa personalidade intrínseca e de acordo com as nossas vivências e claro de acordo com o mundo que nos rodeia. Podem chamar-me de ingénua, mas como não poderia acreditar que o amor para sempre é possível e existe quando aprecio a relação dos meus pais e dos meus avós? O meu avô já no seu tempo lutou pelo seu amor, a minha avó, contrariando a vontade dos pais face a um casamento marcado por conveniência, se a vida deles foi fácil? Não, não foi, eu deduzo que não tenha sido, sobretudo tendo em conta o contexto histórico de há 50 anos atrás, mas o que vejo nos quase 50 anos de casamento deles é mais do que cumplicidade ou companheirismo é amor. O mesmo assisto com os meus pais num casamento de 26 anos com algumas desavenças mas um casamento onde além de cumplicidade companheirismo e amor ainda há paixão, eu acredito que o amor para sempre é possível.
Contudo não nego que a maioria das relações actuais sejam de conveniência só porque dão jeito, e não condeno, cada um está bem como está, e cada um se sente bem como está. Não sou ninguém para julgar o que quer que seja, evito ao máximo o martelinho que tanto gostamos de usar quais juízes de trazer por casa. Já vi grandes paixões entre amantes, amor verdadeiro, se eu o fazia? De acordo com as minhas convições e a minha maneira de estar na vida? Não. Agora se eu sou alguém para julgar? Não sou. Até porque acredito na lei do retorno e mais cedo ou mais tarde cada um tem o que merece.  

Eu e o amor, temos uma relação de borboleta da noite com a vela, aquele calor é bom demais, aquela luz, aquela dança... Por vezes num passo mal dado lá se chamusca uma asa, mas esta borboleta é tipo fénix queima-se e renasce.

Não acredito que um amor por ter terminado tenha sido falso que não tenha existido. É como as amizades que findam (sim as amizades findam e sim as amizades são um tipo de amor, porque o amor está associado ao gostar de alguém), não acho que por as amizades findarem não tenham sido verdadeiras.

Imagem rapinada do facebook   
 Tanto no caso das amizades como no caso do amor romântico e apaixonado, cada vez terminam mais porque as pessoas não estão dispostas a lutar, olham demasiado para o seu umbigo e são demasiado superiores ao resto do mundo para apreciar o que se passa à sua volta, perdem-se a culpar a outra parte ou às vezes até terceiros e esquecem-se de ver os seus erros, ou então simplesmente não estão dispostas a lutar, às vezes por preguiça.
E não, nenhum umbigo é o centro do sistema solar, e cada vez olhamos mais para os nossos umbigos como se o fossem. 




Vejo pessoas que caem num vitimismo grotesco que perdem tanto tempo a culpar os outros que nem se apercebem do mal que fizeram, porque se acham demasiado perfeitos, são pessoas arrogantes em pele de vitimas. Porque quem nunca magoou ninguém que atire a primeira pedra. Porque todos somos muito bons a falar nas mágoas que nos causaram mas no momento de falar nas mágoas que causamos aos outros tudo se cala. Ficam camuflados na falsa ideia que são apenas vitimas e o resto do mundo é que é mau.
Nem se apercebem do mal que fazem a si próprios e a outras pessoas que as rodeiam e que acabam por ser puxadas para o seu epicentro sísmico, nem se preocupam nos danos colaterais que fazem à sua volta, são egoístas e egocêntricas e nem sabem.


Quanto a mim, já desitiram de mim e já desisti de quem não queria lutar por mim,já quase desisti de mim mesma. Já me abandonaram em momentos cruciais da minha vida, já me apoiaram quando mais precisei, já bati no fundo e voltei sozinha e também já aconteceu com a ajuda de um amigo, ou vários, já quase me afoguei em lágrimas já quase sufoquei de tanto rir junto de pessoas que me amam ou amaram. Muitas pessoas já passaram na minha vida, muitas me magoaram, outras, ainda que sem intenção magoei-as eu, outras simplesmente  se afastaram por causa das circunstâncias da vida, surpreendam-se ou não, sinto saudades de todas, porque com todas fui feliz. As pessoas afastam-se, as coisas podem durar para sempre ou simplesmente terminam é a lei da vida. Em momento algum desisti de alguém é a única certeza que tenho, certeza que não me faz nem melhor nem pior do que ninguém, é tão somente aquilo que eu sou.

Tenho pena que sentimentos nos quais eu acredito com tanta força estejam tão desvalorizados, tenho mesmo pena, mas vou continuar a acreditar que há quem saiba amar! Porque o amor é das coisas mais preciosas que temos enquanto seres vivos. E se há coisa que eu sei fazer muito bem é amar :) Seja no amor romântico e de paixão, seja no amor de amigo seja no amor que dedico à minha adorada família, eu sei amar, e gosto muito mais de preencher o meu coração com amor do que com raivas e ressentimentos, por isso é que se há sentimento que não tenho é ressentimentos, embora já tenha vivido tristezas que de tão profundas chegaram a ser absurdas, precisei do meu tempo para lamber as feridas, e que quando me toca a mim são tempos ridiculamente longos, mas ressentimentos? É coisa que não me assiste, preciso de todo o espaço do meu coração para amar!

Sem amor não se vive, limitamos-nos a ser um corpo que respira.
E do alto dos meus 26 anos,  esta é a tonalidade da minha visão sobre o amor, nem cinzenta nem demasiado cor-de-rosa, porque o bom das coisas está no equílibrio, entre o doce e o ácido ;)

Amar muito e ser feliz é o que realmente importa :) e é sempre importante ter presente que o amor é como um laço, muito desleixado as pontas soltam-se, muito apertado passa a ser um nó!  ("Então o amor, a amizade são isso. Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam. POrque quando vira nó, já deixou de ser um laço!" Mário Quintana)

20 comentários:

  1. "Sem Amor não se vive" nada de mais verdadeiro, querida amiga!

    Beijinho e viva o Amor!

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    1. Sim Ricardo, viva o Amor em tempos de Guerra (porque aquilo que vivemos actualmente é uma verdadeira Guerra!) é o melhor que se pode proclamar.

      Beijinhos

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  2. www.youtube.com/watch?v=zS80zuVj5XE ;)

    beijooo

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  3. Gostei tanto das tuas palavras Poppy. Tão sentidas e verdadeiras. Que o amor te acompanhe sempre, seja em que forma(s) for. Que ele esteja sempre contigo e que os que te rodeiam saibam sempre (se assim tiver de ser) sentir, valorizar e retribuir o amor que tens para lhes dar. Beijo enorme

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    1. Helena, minha querida Helena, que seja assim para todos nós :)

      UM beijo grande*

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  4. Acredito no amor, mas também acredito que sem amor ninguém morre. Aliás, o maior amor nós devemo-lo somente a Deus e não a mais ninguém. Por isso mesmo que há sempre gente que vive sem amor carnal, mas ainda assim acredito eu que possam ser mesmo felizes, como por exemplo os sacerdotes, que amam a causa à qual se entregaram. Isso, claro, também é uma forma de amor, logo vivem na mesma um amor.

    Quando olho para os meus pais eu fico sem dúvidas de que o amor pode sim ser eterno, o que me leva a pensar que isso de amar e ser amado não é para quem quer, mas sim para quem pode (e acrescento mesmo para quem merece). Do mesmo modo que as pessoas que se envolvem com outras sem haver amor mas sim interesse ou qualquer outra coisa não merecem nunca ter sorte no amor: não merecem amar e muito menos ser amadas. Simples.

    Infelizmente vivemos num mundo onde tudo é relativizado ao máximo, logo o amor não é excepção. Como dita agora a moda, o amor só é eterno enquanto durar...

    Mas é bom haver sempre quem insista em acreditar no amor e na sua magia. Se não houvesse mar também não haveria barcos. :)

    Beijinhos.

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    1. Acreditas que sem amor ninguém morre, depende do que é para ti viver, para mim viver é diferente de sobreviver, e sem amor sobrevive-se sim, não se vive!

      "Aliás, o maior amor nós devemo-lo somente a Deus e não a mais ninguém." Logo nem tu vives sem amor :)

      Eu nem toquei no assunto do amor carnal que deverias chamar sexo. Isso é outro assunto.

      Beijinhos

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    2. Os sacerdotes fazem aquilo que Cristo pediu aos Seus discípulos: deixarem tudo para O seguir, pois quem faz isso por Ele, em vez de na verdade tudo perder, tudo ganha. Quem perde a vida por Cristo, ganha-a. Mas, claro, isso é um outro assunto...

      Conheço solteirões que são felizes. Será que não vivem? Duvido. Mas se achas que eles sobrevivem, é claro que estás no teu pleno direito.

      Beijinhos.

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    3. Eu não sei qual é o teu conceito de amor mas certamente será diferente do meu, confundes ausência de amor com celibato, quando o celibato não é ausÊncia de amor, Jesus Cristo disse:

      "O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. " João 15:12

      Posto isto sim, continuo a achar que uma pessoa sem amor não vive, sobrevive. Até as freiras amam (mesmo as que sejam relamente celibatárias) amam a Cristo. Assim como os padres, assim como qualquer pessoa que por alguma razão se dedique ao celibato.

      É só a minha opinião :)

      Beijinhos

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  5. Sentido o teu texto, uma forma bonita de acreditar e sentir o amor. Não é bem a minha, já que não acredito no amor eterno, mas vibro com ele enquanto dura.
    Que encontres o amor para sempre, se tu acreditas ...força.

    Beijinhoooo

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    1. AC, o facto de eu acreditar que existem pessoas que vivem um amor eterno e que este existe, não significa que eu seja abençoada com ele, aliás, nesta altura da minha vida já não o serei mesmo.

      A única coisa que posso dizer é que quando amei e quando amar (falando no amor romântico), amei e amarei sempre plenamente e sempre acreditando que pode ser para sempre.

      Beijinhos :)*

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  6. "Quanto a mim, já desitiram de mim e já desisti de quem não queria lutar por mim,já quase desisti de mim mesma. Já me abandonaram em momentos cruciais da minha vida, já me apoiaram quando mais precisei, já bati no fundo e voltei sozinha e também já aconteceu com a ajuda de um amigo, ou vários, já quase me afoguei em lágrimas já quase sufoquei de tanto rir junto de pessoas que me amam ou amaram. Muitas pessoas já passaram na minha vida, muitas me magoaram, outras, ainda que sem intenção magoei-as eu, outras simplesmente se afastaram por causa das circunstâncias da vida, surpreendam-se ou não, sinto saudades de todas, porque com todas fui feliz."

    Chama-se a isso viver, Poppy.
    Relações perfeitas, essas não existem.
    Já vi tantas "relações perfeitas" desmontarem-se em mentiras dolorosas, em realidades terríveis.
    Amar é isso mesmo - viver e, nesse, processo, ser feliz muitas vezes, infeliz às vezes, magoar e ser magoado.
    Mas, sobretudo, viver a vida em toda a sua plenitude.
    Beijinhos

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    1. Pedro, chama-se viver e é como eu vivo. Eu tenho saudades de todas as pessoas que passaram na minha vida porque guardo de todas o melhor que elas tinham. Sempre fui óptima a perdoar e a pedir perdão (embora nem sempre me tenha sido retribuido) e já perdoei coisas que muita gente considera imperdoável. Não guardo ressentimentos, nem ódios ou ressabiamentos. É a minha maneira de estar na vida Pedro, preciso de todo o espaço do meu coração para amar :) Mas sei que não é toda a gente, como o Pedro também saberá há quem se dedique a alimentar ódios e raivas.

      Beijinhos

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  7. Querida Poppy,

    li com atenção tudo aquilo que escreveste, aplaudo de pé! Temos uma forma semelhante de sentir/falar sobre o amor. Concordo, concordo absolutamente que hoje se diz a curta frase "eu amo-te" como se muda de camisa. Pena? Tenho, sem dúvida que tenho! Mais pena tenho ainda destas pessoas que pelo sofrimento passado em outras situações se tornam egoístas e egocêntricas ao ponto de esquecer quem tem ao seu lado. Muitos desperdiçam e abrem mão do sentimento por alguém, porque acham uma enorme chatice ter de ouvir as lamentações e tudo mais do outro... mas uma coisa eu sei, uma coisa eu aprendi mais tarde ou mais cedo eles irão cair em si e perceber aquilo que fizeram.
    Passei pela separação dos meus pais, que foi talvez na minha vida dos acontecimentos mais absurdos e mais marcantes, desde os 16 anos que não sei muito bem o que é isso de ter um pai... mas cresci, sou hoje uma mulher de convicções fortes e guardei-me para alguém que me desse valor, que me amasse como eu realmente mereço, sem reservas, sem medos! Considero-me como um raro exemplo de quem sabe viver a vida como deve de ser, sem exageros, q.b... Olho para o amor como um crescimento a dois, uma partilha constante, um enxugar de lágrimas, um rir à gargalhada a dois... vejo o amor como uma extensão de mim e sei, que somente poderei amar alguém se amar quem sou... e eu amo-me!
    Se já me magoaram? Já! Se já chorei? Já, ainda hoje chorei e não o nego! Posso te dizer, com toda esta situação que vivemos aquilo que vejo são abutres! Abutres em forma de gente que andam tão ocupados a pensar em politiquices e outras coisas mais que desleixam por completo a vida, que somente vêem cifrões à frente! Não se fala de sentimentos, não se fala de abraços, fala-se de dinheiro, crise política, corrupção... esta gente ainda não percebeu o fundamental: enquanto não colocarem o egocentrismo, a inveja e outros sentimentos mortíferos para a alma... nem eles, nem o país equilibrará! 

    Ainda tenho feridas que as lambo... e já muitas vezes me pediram perdão pelo mal que me fizeram... mas nunca mais me tornaram a ver!

    Um beijinho!

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    1. Alexandra, agradeço a leitura atenta que fizeste do meu texto, acho que conseguiste atingir a essencia do mesmo. Nem sempre através de palavras conseguimos expressar exactamente o que sentimos mas vai-se tentando.

      Situações de divórcio, são situações complicadas, e louvo-te muito, porque apesar da situação que viveste com os teus pais continuas a ter uma perpectiva sobre o amor que não o exclui, muitas vezes depois de passar pelos divórcios dos pais (e fala alguém que não sabe o que é isso mas é meramente uma opinião de quem observa) faz as pessoas ficarem descrentes sobre o amor. O que não é o teu caso ainda que tenhas plena consciência tal como eu que infelizmente está muito banalizado hoje em dia.

      Beijinhos

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  8. Uma magnifica reflexão sobre as relações e as diversas faces do amor.
    É verdade que o amor anda desvalorizado, vale cada vez menos ou melhor vale durante menos tempo. É como os telemóveis. Compramos um hoje e parece um brinquedo de luxo, uma jóia perfeita, mas no ano seguinte logo nos apresentam um potencialmente mais valioso, com melhor estética, capaz de fazer mais coisas e mais rapidamente, muitas vezes até é mais leve, e logo descartamos o amor anterior. Faço o paralelo entre a eletrónica, os amores e os relacionamentos de hoje.

    O que mais importa é mesmo a conclusão final, é preciso amar e amar muito, não importa por quanto tempo, porque o tempo não espera e só nos transfere rugas.

    beijocas

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    1. Martini, antes de mais fico muito grata pela passagem por estas bandas e pelas palavras :)

      Gostei da tua analogia com os tempos que correm, bastante real.

      Beijocas

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  9. Já li este texto duas vezes, já respondi as duas vezes... mas vou deixar um comentário simples da minha reflexão.

    Tentar e errar, mas nunca deixar de tentar. Sempre amar! Sempre...

    Um beijo especial minha querida.

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    1. Pat. em poucas palavras disseste muito! Amar sempre e nunca deixar de tentar.

      Um beijo grande

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